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CULTURA - 02/10/2008 - 08:45:00

Goiânia em Cena 2008 divulga grupos selecionados
O Popular

A comissão organizadora e a produção executiva do Goiânia em Cena 2008 divulgarão amanhã, às 11 horas, na sede da Secretaria Municipal da Cultura, os nomes dos grupos de teatro, circo e dança selecionados para as mostras Palco e Espetáculos de Rua. Foram inscritos 35 espetáculos goianienses para o evento, que será realizado de 24 deste mês a 4 de novembro. Já está confirmada a presença de grandes grupos nacionais como Armazém, Ciclomáticos, La Mínima e Cisne Negro. Este ano, os espetáculos de rua serão apresentados simultaneamente nas praças e parques de Goiânia, no dia do aniversário da cidade.

Fonte: O Popular

27/9/08
Crítica do espetáculo A Corrente de Eléia
CORRENTE DE JARGÕES

Zenão de Eléia, cidadão grego, conspirou contra o governo da cidade, sendo torturado até a morte. Mas o que acontece quando se sobrevive à tortura? Esta é a indagação do Grupo Os Ciclomáticos, em A Corrente de Eléia. Nesta montagem a protagonista é uma mulher, a situação remete aos anos de chumbo no Brasil, e o torturador, ao invés de um tirano exercendo o poder em praça pública, é um funcionário do Departamento Especial do Estado, homem comum. O drama ocorre em espaço alternativo, com os espectadores rodeando uma redoma onde ferros e as correntes impõem sua linguagem.
A opção por dramatizar uma situação que, de fato, já ocorreu nas décadas subseqüentes à ditadura, os Ciclomáticos mostram uma marca coerente de sua trajetória na forma de abordagem do tema. O grupo não foge ao desafio de colocar frente a frente duas pessoas que representam forças completamente antagônicas. O início é dado com uma estranha visita à casa de Eléia, desencadeando, a partir desse confronto, os pesadelos do passado da personagem. Formas diferentes de tortura são explicitadas pelos atores Fernanda Dias, Renato Neves e Júlio César Ferreira, em combinação entre o drama particular da protagonista e a narração de momentos da história ocidental que usaram o martírio humano.
A despeito da seriedade e convergência do projeto do grupo, em que elementos da criação dialogam eficientemente, como a cenografia feita de ferro e correntes com o tema, a montagem como linha geral parece se impor pelo caminho das muitas explicitações. Eléia, por exemplo, não necessita de uma corrente presa no calcanhar, o que parece denotar demais para um espetáculo que já mantém sua coerência formal. Assim como o ator que representa o companheiro de Eléia, no presente, talvez não precisasse explicitar tanta agressividade corporal junto ao público. A idéia de agredir a platéia para mostrar a força da agressão ao personagem ficou nos idos de um tempo que não priorizava tanto a formulação estética como força conteudística.
O texto, ainda que prenda a atenção do espectador pelas qualidades que revela na forma de contar a história, não foge de alguns lugares comuns, previsíveis, das falas da torturada e torturador. O diretor Ribamar Ribeiro poderia, quem sabe, rever alguns pontos da construção dos diálogos, considerando a fala teatral como expressão do sentimento mais raro, e dar mais atenção ao plano do tempo presente, onde se dá o reencontro entre vítima e algoz. O passado, sendo apenas ilustração e reforço dos jargões do horror, pode não conter a força dos bons argumentos, estes sim, armas verdadeiras de superação.


Fonte: Marici Salomão, dramaturga, jornalista e crítica teatral convidada pelo Fentepp

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